
Crônicas & Poemas
Mais Poemas & Crônicas
Aqui mais alguns textos meus para a degustação dos meus leitores. Tenham uma boa leitura!
Liberdade de Areia
Atingiras, sem pretensões,
O ápice da sabedoria egípcia
E vivias agora o suave enlevo
Da verdade que ostentavas
E que tão humildemente trazias no peito,
Como um troféu...
Nunca o mundo vira guerreiro mais valente
E audacioso, porém, consciente da justiça
E da posição que ocupava.
Trazias preso ao pescoço
O símbolo mágico da sua hierarquia e origem,
Contudo, amavas a liberdade
E a imensidão do deserto
Que cercava o vale.
Amavas o sol...
Que queimava a areia branca do deserto
E ardia a pele daquele povo
Guerreiro e forte,
Mas sabias que tudo era efêmero,
Como efêmero era o vento
Que do norte soprava
Acariciando as dunas
E fustigando a multidão.
Sentias, entretanto, feliz
Porque tinhas as noites lindas de luar
Para no deserto cavalgar,
Mergulhando no silêncio das dunas,
Sob um céu de estrelas.
Amavas perdidamente o deserto,
Tanto quanto eu...
E nunca imaginaras a saudade
Que um dia, distante, sentirias,
Daquelas noites quentes do deserto,
Das tendas armadas nos oásis
Perdidos no tempo, entre um rajar de vento
E uma tempestade de areia.
Eram lindos aqueles dias
E tu sabias, tão bem quanto eu,
Que em breve tudo mudaria.
Não teríamos mais a tranqüilidade do deserto
Para afogarmos nossa ânsia
De espaço a liberdade.
A dinastia reinante perecia
E com ela se esvaiam os nossos doces momentos
De paz e poesia.
Logo, a ira do Faraó cairia sobre o seu povo
E o destruiria...
E, junto, todo o amado Vale sofreria,
Porque a Terra inteira nesse ponto consistia.
Quantos anos se passaram!
Quantos dias já se foram!
Quantas vidas já tivemos!
E, apesar de tudo,
De todas as formas que tomamos,
Conservamos, ainda, intacta
A saudade dos dias de areia,
Que há muito já se foram
E no tempo se perderam!
Machu Picchu
* este poema faz parte do livro Poemas ao Silêncio
O sol da manhã ilumina suavemente as cordilheiras,
Inundando com seus raios plenos de luz
Os picos brancos das montanhas,
Projetando no vale
A sombra indescritível do mistério.
E, lá no alto, no cume da cordilheira,
Onde os Andes parecem fundir-se com o infinito,
Como se do nada surgisse,
Irrompendo em magnitude e beleza,
A grandiosa Machu Picchu
Levanta-se imperiosa e fantástica,
Em sua beleza íngreme,
Se impondo agreste ao mundo em que flutua.
Sob seus pés, caudaloso rio,
De águas intrépidas e traiçoeiras,
Cascateia rumoroso
Descendo o vale em magníficos saltos,
Perdendo-se na floresta
Como selvagem serpente, de tamanho descomunal,
Buscando a sombra da selva.
Perdida entre vales e montanhas,
Rústica, rochosa, selvagem e arquitetônica,
Machu Pichu, com suas gigantescas construções de pedra,
Parece ter a memória presa aos contrastes
Que no tempo longínquo se perdem.
Orgulhosa e bela,
Com suas escadarias monumentais,
Escalonadas nos flancos de Huana Picchu
E de Machu Picchu,
Ela se ergue magnífica
Em sua elegância feita de pedra
E se perde nas escarpas abissais
Dos precipícios que a rodeiam.
Do alto das cordilheiras, Pachacamac,
Em silêncio profundo e reverencial,
Parece, ainda, contemplar
Com orgulho e severidade
A enigmática cidade secular,
Cuja missão era em teu seio abrigar
A presença imprescindível de um Raio-Solar.
Machu Picchu,
Morada de um deus-solar,
Nos penhascos do velho pico
Suspensa está, ainda, a esperar
Que alguém um dia venha te despertar,
Para que seu sol possa, outra vez, o amor irradiar.