
Poemas & Crônicas de Arádia
Poemas & Crônicas
Deixo aqui alguns textos meus para a degustação dos meus leitores. Tenham uma boa leitura!
Atlante
A lua clara descia suave sobre o mar,
Trazendo o brilho incandescente da prata acinzentada
Ao mármore dos templos.
Longe, o horizonte unia-se às águas, selando a cúpula.
À distância os picos dos montes se levantavam imponentes,
Numa beleza hostil, ímpar,
Tendo por cenário um paraíso místico e inigualável.
Infinidade de seres mergulhava naquele instante num mar lacrimejante,
Dominados pela fúria cega das vagas e dos tufões.
As estrelas, ainda, faiscavam no céu,
Quando desceste ao largo do templo.
Somente a luz do luar e a brisa quente do mar em chamas
Os teus pensamentos testemunhavam,
Naquela noite onde o silêncio e a magia
Não mais transcendiam o furor das ondas.
Haverias de contemplar o declinar do teu próprio império,
Ou entregá-lo impotente nas mãos
De Possêidon - senhor dos mares.
Entretanto, já a natureza, naquele instante, se ressentia.
Meus olhos contemplavam na luz tênue do luar teu digno perfil,
Iluminado por incandescente chama de amor ardente.
Senti teu olhar firme, profundo e magnetizante,
Trazendo à vida os nossos sonhos de amor,
Enquanto, ao longe, o oceano revolto espumejava na praia,
Removendo areias como séculos,
Inundando impiedosamente o continente,
O mesmo que já se abria em fendas e se perdia,
Levando consigo a vida e a tecnologia.
E em silêncio profundo contemplavas o mundo que ruía.
Grandes eram os templos e os monumentos
Aos quais as águas trepidantes submergiam,
Deixando apenas as ondas espumantes,
Onde antes reinara o luxo, a beleza
E a transparência das construções majestosas.
Água, areia e pânico,
Ondas titânicas e roncos ensurdecedores...
O oceano parecia louco e alucinante,
Como teus olhos imersos no desespero
E na violência das águas que já a tudo cobria.
Apenas o teu olhar e o meu, em magnífica fusão,
No alto do grande Templo Branco resplandecente,
O destino inglório da nação contemplaram.
Sem nada podermos fazer e vendo descer ao oceano profundo
Os últimos vestígios de uma civilização,
Silenciosamente, do alto, o horizonte distante fitávamos confiantes,
Iluminados pela certeza do retorno
E da vida que se eterniza, muito além,
Vencendo o tempo e o espaço,
Que para o amor não tem fim.
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Brasília
Brasília,
Mística, arquitetônica e galáctica,
Ergue-se enigmática e bela
No cume deste Planalto.
Seus horizontes amplos,
Quando ao longe contemplados
Parecem envolvê-la em invisível cúpula de luz,
Remontando séculos, milênios de saudades.
Quando o sol desce no seu horizonte abrasador,
Envolvendo-a com seu olhar de fogo incandescente,
Lançando raios em tons de laranja e violeta,
No seu céu inesquecivelmente azul,
Assemelha-se a mítica visão surgida do nada
Trazendo ao presente a fantástica fusão do ontem e do amanhã.
Brasília,
Livre, sideral, velada,
Guarda mistérios insondáveis
E verdades incontestáveis.
Seu povo, cósmico, abriga no peito saudades e sonhos
De estrelas e mundos distantes, onde outrora habitara.
Brasília,
Transparente de luz,
Afeita às altas esferas
És berço do futuro no limiar deste 3º Milênio,
Quando se desnuda o mundo
Dos seus falsos e errôneos conceitos.
Brasília,
Teu povo, raça sideral,
É místico e misterioso.
Ama a vida e os espaços ilimitados.
Brasília,
Cidade céu...
Teu povo vem das estrelas
E por milhares de anos pela Terra vagou,
Porém, sua hora de retorno já chegou.
E quando do espaço mil luzes se fazem presentes
E todo este Planalto ouve a voz suprema que vem do alto,
É no teu seio, cidade céu,
Que se abrigará o resplendor da nova Era.
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